poesia-corpo-território

  • Sobre
  • Contato

  • joséphine bacon

    Em algum lugar
    No Nutshimit
    Estou em casa
    Sem endereço certo
    Minha rua se chama os caminhos
    Por onde se carregam as embarcações
    Amanhã vou subir a correnteza
    Em busca das mensagens
    Gravadas nos bastões
    Em algum lugar
    No Nutshimit
    Em algum lugar
    A grandeza
    Da Terra

    ◾

    Uiesh
    Nutshimit
    Nitshinat nititan
    Apu atshitashunashtet
    Anite epian
    Nimeshkanam
    Pakatakan ishnikateu
    Uapaki nika akutueshtinuain
    Nika natain nitshissinuatshitakana
    Uiesh
    Nutshimit
    Uiesh
    Eshpitashkamikat
    Assi

    ◾

    Quelque part
    Dans le Nutshimit
    Je suis chez moi
    Sans adresse réelle
    Ma rue s’appelle chemin de portage
    Demain je remonterai la rivière
    Retrouver mes bâtons à message
    Quelque part
    Dans le Nutshimit
    Quelque part
    La grandeur
    De la Terre

    ◾

    Poeta e obra

    Joséphine Bacon nasceu em 1947 em Pessimit, reserva indígena Innu no Quebec. É poeta, tradutora e documentarista, com uma dezena de livros publicados. O poema aqui traduzido está no seu livro mais recente, Uiesh / Quelque part (2018), pelo qual recebeu o Prêmio dos Bibliotecários do Quebec e o Indigenous Voices Awards em 2019. Bacon publica seus poemas em edições bilíngues, em innu-aimun, sua língua materna, e francês, língua que foi forçada a aprender no internato obrigatório para crianças indígenas onde viveu dos cinco aos 19 anos.
    Neste poema, Bacon nos apresenta o conceito de Nutshimit, um lugar físico e metafísico que remete à ideia de corpo-território. Em um dicionário francês/innu-aimun, Nutshimit se descreve como um advérbio de lugar, que significa “dans le bois, en forêt, à l’intérieur des terres” — na mata, na floresta, no campo.1 A palavra não nomeia necessariamente um território específico, mas um território emocional e espiritual que contrasta com as paisagens urbanas que Bacon, em um outro poema, descreve como “ruas sem horizonte”.
    “Bâtons à message”, os bastões de mensagem no poema, se referem a uma forma de comunicação utilizada por povos originários, na qual se entalham ou pintam símbolos em pedaços de madeira que, através de um mensageiro, percorrem espaço e tempo até chegar a seus destinatários. Ir de encontro a esses bastões significa portanto ir em busca dessas mensagens ancestrais que ficaram no Nutshimit, em algum lugar.

    1. https://dictionnaire.innu-aimun.ca/ ↩︎
    25 abril, 2025

Página anterior Próxima Página

Blog no WordPress.com.

  • Assinar Assinado
    • poesia-corpo-território
    • Já tem uma conta do WordPress.com? Faça login agora.
    • poesia-corpo-território
    • Assinar Assinado
    • Registre-se
    • Fazer login
    • Denunciar este conteúdo
    • Visualizar site no Leitor
    • Gerenciar assinaturas
    • Esconder esta barra